–> E se o Bush fosse mexicano?

Decidi cursar História na faculdade há bastante tempo, uns 6 ou 7 anos. Não sabia nada do curso na época, só sabia que gostava muito de estudar História no colégio.  Quando entrei na faculdade e vi as disciplinas obrigatórias percebi que sofreria um pouco. Não gosto de nada colonial, nem de antigo, nem de moderno (em mim, o conflito entre antigos e modernos é empatado em -1 a -1). Acho tudo isso meio chato. O legal sempre foi estudar século XX, Brasil no século XX e todos os clichês históricos como Guerras Mundiais, Nazismo, Revolução Francesa e Ditaduras Militares!

Aos poucos fui me livrando dessas matérias chatas: Brasil Colonial I e II, História Ibérica I e II (tudo bem que aqui, apesar de sofrer bastante com a Berbel carrasco, eu curti o curso), Antiga I e II. Para o ano atual, o sofrimento era reservado à Moderna I e II e América Independente I. Acabei por me surpreender, graças a Deus. Não, Moderna continua sendo um saco, embora seja fundamental para entender a droga de mundo em que vivemos atualmente, mas a Professora Maria Lêda torna as aulas um pouco mais suportáveis. Adoro as piadas dela e ela é uma pessoa gente boa pra caramba!

Quanto à História da América Independente I, a matéria é chata bem de leve. Construção de identidades nacionais, conflitos internos e processos que acabaram por me agradar. Mas o melhor de tudo, sem a menor dúvida, é mesmo o Júlio! Super professor! As aulas, além de muito boas, se tornam interessantes e engraçadas. E ele, trata os alunos como as pessoas que são, cheias de dúvidas e muitas vezes, insegurança. Se ele trabalhasse outro período e local e se meu orientador não fosse O MÁXIMO [S2] eu até trabalharia com ele.

Mas enfim, o mais legal das aulas de América são as sacadas muito boas e inteligentes que o Júlio tem. Claro que ele repete essas piadas há uns dez anos, mas ainda assim são muito boas. E é sobre uma delas que eu discorrerei. É, eu nem comecei a falar do assunto central do post e ele já tá enorme. Ser prolixo é um carma!

Enfim, um belo dia, quando comentávamos a Marcha para o Oeste e o avanço estadunidense sobre as terras mexicanas (se não souberem do que se trata, é só recorrer ao Wikipedia, mas em poucas palavras trata-se do processo de expansão estadunidense sobre as terras indígenas do oeste), eis que ele diz: “Seria melhor que os EUA não tivessem abiscoitado essa parte do território mexicano. Afinal, a costa Oeste só lhes trouxe a Califórnia, que vive tendo terremoto e o Texas, que lhes rendeu o Bush!”

Claro que não foi só isso, os EUA ganharam e muito com o roubo das terras mexicanas, imaginem a indústria cinematográfica sem Hollywood (mas isso eu posso falar em outro post similar a esse) mas para descontrair tá valendo. Daí então, me desconcentrei um pouco da aula e fiquei imaginando como seria o mundo se George W. Bush fosse from Mexico!!!

Imaginem como seria se ao invés de ser presidente do país mais poderoso do mundo, ele fosse presidente do país mais historicamente explorado pelo país mais poderoso do mundo. Imaginem quais guerras e contra quem ele conseguiria travar a frente do México. Imaginem se ele faria uma guerra contra seus exploradores, os Estados Unidos da América. Imaginem se ele “lutaria” pelos seus conterrâneos mortos ou presos na travessia da fronteira ou deportados ou explorados em subempregos na terra do Tio Sam.  Imaginem se haveria guerra no Afeganistão e no Iraque. Imaginem se milhares de afegãos, iraquianos, estadunidenses e inocentes mortos nessa guerra infeliz ainda estivessem vivos. Imaginem um mundo sem George W. Bush a frente do país mais poderoso do mundo. Imaginem um mundo sem a combinação, literalmente explosiva, de poder, dinheiro e insanidade.

Imaginar não custa nada. Sonhar também não. Ter esperança também não. Por isso, por enquanto, todos podemos imaginar, sonhar e esperar.

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5 respostas para –> E se o Bush fosse mexicano?

  1. Vinicius Marino disse:

    Supondo, claro, que o Oeste americano estivesse “predestinado” a se tornar Texas, California, etc, e a produzir as exatas mesmas coisas. Se a situação atual do México é algum parâmetro, acho que não teríamos nada do que há lá hoje.
    Falando nisso, sem California não haveria vale do silício. Nem Apple, Google, Microsoft, e toda a última vanguarda da eletrônica. E como esse tipo de indústria depende de uma incrível preponderância comercial e de um capitalismo acirrado (desenvolvimento de tecnologia é movido pela concorrência) duvido que o vale estivesse “predestinado” a surgir.
    Como seria nossa vida sem essas coisas? Eu acho que não saberíamos de 1/1000 das atrocidades do Bush sem essa tecnologia. (os horrores de Abu Ghraib foram filmados por uma câmera digital). Basta dizer que esta ferramenta pela qual nos comunicamos, o Blog (que vejo por meio do Google Chrome em meu HP de OS Windows 7) não existiria sem a 3a Revolução Industrial. EUA é bem mais que Bush.
    Enfim, só para polemizar, porque nós historiadores não perdemos uma boa discussão. Continue escrevendo, Mari! Se mais pessoas como você escrevessem o mundo seria um lugar melhor.

    • marirosell disse:

      Ai Poli, você é meu orgulho.
      Eu concordo com você! É aquela velha história de “SE”, que na verdade não existe, a gente nunca sabe como poderia ter sido. Mas eu acho legal a gente imaginar. =)
      Obrigada pelo elogio!

  2. Marcia Villaca disse:

    É Mari, talves se George W. Bush fosse mexicano, estaria tocando maracas com chapéu engraçado em qualquer restaurante de beira de estrada, ou seria um mega traficante do eixo EUA, Guatemala e Cuba (via Golfo do México) capaz de causar outras tantas guerrilhas e destruições… o ser humano é um mundo, uns são mais sujos e destruidos e outros mais conservados, depende da consciência de cada um! Até dos insanos!!!!!
    PS.: Adorei o blog!!!
    Beijos flor,

    • marirosell disse:

      É Marcinha, como disse ao meu amigo, a gente nunca sabe como poderia ter sido. Talvez ele nem estivesse mais vivo! Mas fazer o quê? Nada disso aconteceu. Então, o jeito é imaginar e tentar fazer diferente!
      Obrigada, querida!

  3. Destro disse:

    Se o Bush fosse mexicano ele não seria nada, pois o pai dele também não seria nada. Perdeu assim uma bela oportunidade, pois antes ser nada do que ser Bush.

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